terça-feira, 28 de abril de 2009

Resenha


No texto “A educação no embate de paradigmas” a autora Brasilina Passarelli faz uma abordagem acerca dos vários modelos de educação, paradigmas educacionais, e de como esses modelos mudam conforme a necessidade de cada geração. A autora descreve a educação na era da modernidade, explicando como ocorreu a ruptura da crença na divindade e o surgimento da razão, a educação e a pós-modernidade, onde insere conceitos sobre o novo paradigma cientifico que almejava agora uma escola inteligente, e finalmente a autora descreve a educação no devir da cibercultura onde fala sobre as comunidades virtuais de aprendizagem, inteligência distribuída, revisitando práticas na sala de aula, educação a distancia no ciberespaço e do ciberespaço como espaço midiático. Ainda traz vários conceitos de palavras e expressões do mundo informatizado que ajudam o leitor a uma melhor compreensão do texto. È um texto rico e de linguagem acessível. Indicado para professores, alunos e todos que desejam estar atualizados acerca da educação e dos avanços ocorridos nesta área, desde a modernidade até hoje.
Ao longo do tempo e de acordo com as mudanças e necessidades de cada período da história uma nova concepção de educação passava a reger a vida das pessoas. Passamos por profundas mudanças desde a era da modernidade até dos dias atuais. A educação girou em torno da religião, da razão, da ciência e hoje vivemos na era da educação informatizada.
No período feudal a educação era baseada nos ensinamentos religiosos. As únicas pessoas que tinham direito a aquisição do saber eram os monges e aqueles que tinham vocação a vida religiosa. O período da modernidade surge justamente em oposição a essa restrição educacional colocando como base a razão. A palavra de ordem passa agora a ser “racionalidade” e é esta racionalidade que permite ao homem moderno uma vasta gama de novos e inimagináveis conhecimentos. Foi uma época de grande produção cientifica e como não poderia deixar de ser, a razão também influenciou consideravelmente o novo conceito de educação.
Os objetivos da nova escola agora passam a ser voltados para a mão-de-obra especializada, afinal este era o requisito necessário para se obter trabalho na indústria e no comércio. A escola passa a ser tradicional e se assemelha a linha de montagem defendida pelo fordismo. Fredric M Litto (1999, p.100), apud Passarelli (2007, p. 37) descreve claramente tal semelhança quando diz:
[...] salas de aula isoladas umas das outras e limitadas em recursos; mesas e cadeiras dispostas em filas; o professor desempenhando a função de dono e entregador principal do conhecimento; [...], quase sempre de forma linear e seqüencial.
Esta linha de pensamento, ainda que muito antiga, não condiz com o conceito de educação atual. É necessário que o professor consiga extrair de cada aluno um potencial particular, único de cada ser humano. Não há neste sistema um respeito ao tempo de aprendizado, a forma de assimilação e a facilidade que determinadas pessoas tem de construir o conhecimento mais rapidamente do que outras. Se fossemos educar semelhantemente a esta linha de montagem não teríamos metodologias diversificadas e nem posturas pedagógicas diferentes; seríamos como máquinas programadas para certa atividade que, ao final, teria de dar sempre o mesmo resultado. Não estaríamos auxiliando nossos alunos a construírem seus próprios conhecimentos e nem os ajudando a fazer bom uso deles. Estaríamos enchendo suas cabeças de informações, mas não estaríamos ajudando-os na organização e na melhor forma de utilização destas informações.
Felizmente este conceito de educação também passou dando lugar a um paradigma científico que entende o conhecimento como um processo em contínua transformação. Este novo paradigma promove significativas mudanças no campo social e educacional. No âmbito social o mundo globalizado passa a exigir do cidadão novas competências a fim de que possam ser inseridos num mercado de trabalho cada vez mais competitivo onde as aptidões e os conhecimentos farão toda a diferença. Já em relação a educação, como esta já não atendia mais de forma satisfatória as novas necessidades da sociedade pós-moderna, o que se exigia era a capacidade de julgar, interpretar e solucionar problemas; em vez daquela linha de montagem onde se buscava obter o mesmo resultado, o importante agora era saber como encontrar a informação necessária.
O que este novo paradigma propõe é uma escola inteligente, rica em recursos didáticos e usando com menos freqüência o livro texto e o quadro negro/branco, uma escola onde o professor não é o único detentor e entregador do saber, mas alguém que vai orientar o aluno propondo uma parceria na busca do conhecimento. Este novo ambiente escolar colocará a disposição do professor e do aluno uma enorme diversidade de novas tecnologias de informação e comunicação.
Neste sistema a conduta do professor é de extrema relevância, pois terá o papel de auxiliar e ajudar o aluno a organizar a informação encontrada e a usá-la da maneira mais correta. É o despontar da era da informática, do uso de recursos tecnológicos para um novo conceito de educação. Esta é a era da informação e temos que estar preparados, ou constantemente se preparando, para lidar com a imensa rotatividade destas informações que se renovam a cada dia com uma rapidez surpreendente e como utilizar os materiais tecnológicos em prol da educação é o novo desafio do professor na era da informatização.
É sabido que a acessibilidade digital é cada vez mais crescente e a busca por informações e conhecimentos por meio da informática é uma prática muito comum atualmente. O que precisamos saber é se estas informações são de fato seguras e de credibilidade, visto que um texto pode ser facilmente alterado por qualquer pessoa que assim o deseje fazer.
A era da informática implica sérias mudanças na educação. Todas as formalidades aprendidas nas escolas formais estão sendo rapidamente substituídas. Atualmente temos que aprender uma nova linguagem, uma nova gramática, temos que nos adaptar a um novo espaço físico de aprendizagem, temos que saber o significado de palavras como e-mails, link, online, cibercultura, ciberespaço, inteligência conectiva, entre tantas outras. E, quanto àqueles que não tem acesso a informática? Como promover uma educação de qualidade se nem todos tem acesso a essas novas e crescentes tecnologias?
É necessário que o governo invista mais em educação, não só na formação e valorização do professor, mas, principalmente, dando condições físicas estruturais para que as escolas possam promover a inclusão digital para todos os alunos, independentemente de raça, cor, religião e condição social. Valorizar a educação não é um compromisso só do governo, a família e a sociedade devem estar engajadas neste processo a fim de promover o crescimento não só do País, mas também do aluno que deve ser considerado a parte mais importante deste processo.

Em um tempo onde a informação reina, não basta apenas ter acesso a ela, é necessário saber, principalmente, o que fazer com ela.


BIBLIOGRAFIA

PASSARELLI, Brasilina. Interfaces Digitais na Educação: @lucin[ações] consentidas. São Paulo: Escola do futuro da USP, 2007.


ANA PAULA DOS SANTOS OLIVEIRA

UNIVERDIDADE DO ESTADO DE PERNAMBUCO – UPE
FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FFPP
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
LICENCIATURA PLENA EM LETRAS – HABILITAÇÃO: INGLÊS
INFORMÁTICA EDUCATIVA – IV PERÍODO





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