A dinâmica da sociedade. O próprio desenvolvimento desse arsenal de artefatos, sejam teóricos, sejam tecnológicos, sejam materiais, nós constituímos com eles e eles nos constituem também. Então, no fundo, as mudanças são mudanças do homem mesmo, dessa constituição. Então é uma coisa admirável.
A grande revolução tecnológica que as pessoas falam em multimídia e não sei o que e tal... Essas tecnologias todas de multimídia são do século XIX. São possíveis, do ponto de vista teórico, desde as equações de Maxwell, com a teoria eletromagnética, de imagem, som, propagação de som... Isto é, foi conquistado na prática. Agora, existe uma tecnologia que é realmente nova, que é impressionante, que é a tecnologia do computador. E é interessante, porque é uma tecnologia que nasceu da navegação do sonho cartesiano. Hilbert, matemático, no inicio do século XX vai propor se chegar ao ápice do sonho cartesiano e se chegar à navegação do sonho é que vai surgir um algoritmo de proposição, de operar com proposições, um algoritmo abstrato de operar com proposições. E depois, uma máquina em que você coloca esse algoritmo dentro! E aí, essa máquina, inicialmente, era enorme, tomava um edifício inteiro, tinhas cartões, uma memória pequeníssima, mas depois com o desenvolvimento da microeletrônica e a força de alguns jovens... Porque esse sistema começou a se desenvolver de uma maneira sempre centralizada e alguns jovens democratizaram isso ao criar sistemas distribuídos, que são esses micros. É uma revolução incrível, porque sai do útero da lógica, nega a lógica formal e funcionam como algoritmos proposicionais com o sistema binário, que é elemento básico da lógica. Falou a verdade e falou falso. Só tem que, exatamente porque isso fracassou é que se resolveu operar com as proposições. Não importa se é verdade ou falso. E operar com proposições é montar algoritmos. Então, nós levamos a possibilidade do intelecto humano para dentro da máquina. Proposições são o que qualificam idéias, qualificam o homem. Agora, essa função – é o que eu falo – não é inteligência. Quando a gente fala isso, as pessoas ficam pensando que é inteligência. Não é inteligência. Intelecto é uma coisa, inteligência é outra.
Felipe Serpa
Projeto Pesquisa em Debate/ Antônieta Galdieri, Giovanna de Marco, Maria Rita do Amaral Assy (organizadoras). Juazeiro - BA : UNEB, 2007.
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