segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Pharol: tempo, imagem e memória de um jornal petrolinense



Há 93 anos, Petrolina via nascer o mais antigo periódico do Vale do São Francisco : O Pharol. Criado por João Ferreira Gomes , Seu Joãozinho, o jornal relatou os impactos da 1ª e da 2ª Guerras Mundiais, a construção da catedral de Petrolina , o êxodo rural, a construção da Ponte Presidente Dutra e o desenvolvimento econômico da cidade.

Todos esses acontecimentos emergem no CD-ROM O Pharol - Tempo, Imagem & Memória, produzido pelos jornalistas Jean Carlos Corrêa e Nomeriana Cavalcanti. O produto foi desenvolvido como Projeto Experimental do curso de Jornalismo em Multimeios, do Departamento de Ciências Humanas, da Universidade do Estado da Bahia, sob a orientação da professora Andréa Cristiana Santos.

Foram 74 anos de existência. Seu Joãozinho tinha apenas 14 anos, quando criou o Correio da Infância. Manuscrito, tinha apenas uma página dividida em duas colunas. Para o jornalista Jean Carlos Côrrea, a aventura de publicar o jornal "revelaria algo mais do que uma incursão aparentemente amadora e experimental de uma criança no mundo do jornalismo: revelaria a intenção de Joãozinho em difundir opiniões e informações por meio de um periódico".

Alguns meses depois, circularia, no dia 10 de setembro de 1915, O Pharol. Eram apenas duas colunas em uma folha de 15x10cm, com publicação semanal. A primeira edição foi impressa nas oficinas de A Folha do São Francisco durante um ano, até Seu Joaozinho ser presenteado pelo irmão José Mariano Gomes com uma impressora manual planter jobber. Este foi o início para consolidar a oficina d'O Pharol. Abrem-se, assim, as cortinas para um marco da história do jornalismo da região.

Diversos eram os acontecimentos noticiados no jornal. E quem dizia o que viria se tornar notícia eram os critérios de importância estabelecidos por Seu Joãozinho. Normalmente, as notícias variavam de relatos da vida social de Petrolina a acontecimentos de impacto nacional, como a segunda guerra mundial, os investimentos em fruticultura, o cenário político como as Diretas Já, em 1985. "Joazinho foi um homem que tinha uma noção de jornalismo que incluía o desenvolvimento da imprensa em sua cidade", afirmam os jornalistas no CD-Rom.

Ao longo dos anos, O Pharol recebeu diversas homenagens como a medalha de Mérito Cultural Oliveira Lima, em 1985, pois cumpre uma função de servir "de roteiro, aos pesquisadores de seu passado sertanejo". Para a professora Andréa Cristiana Santos, o Cd-Rom é um registro para pesquisadores da imprensa nacional de como uma cidade do sertão de pernambuco pôde assegurar à população informações e artefatos culturais como a fotografia desde 1916. "Hoje, este produto multimídia é uma memória da comunicação na região e da ação de profissionais que se dedicaram a produzir notícias por meio de textos e imagens. É também um passeio pela história de Petrolina e do Brasil", declara a professora, que avalia também a importância do CD-Rom como material didático para as escolas da região.

No CD-Rom, os jornalistas, através de pesquisas e entrevistas, conseguem reunir um vasto material sobre o fotojornalismo da região, com cerca de 115 fotografias. Também há um perfil de Seu Joaozinho e entrevistas com os profissionais do períodico.

Seu Joazinho: um homem de imprensa

Brota a flor no sertão. Onze de julho de 1901, nascia em Petrolina um sertanejo filho de comerciante do Mariano Ferreira Gomes e Maria Nunes Gomes. Além de homem de imprensa, foi vereador.

O jornal contribui para o desenvolvimento de Petrolina e também manteve boas relações com a Diocese de Petrolina. Mas foi longe de sua terra que ele faleceu no Espírito Santo, em 1993. Desde 1986, com a saúde frágil, já não estava mais à frente d'O Pharol.

"Ele foi o pioneiro da imprensa escrita de Petrolina", afirma a sua filha Darcy Neiva Gomes. Por muito tempo, quando ainda não existia luz elétrica em Petrolina, Seu Joaozinho, à luz de velas, escreveu para O Pharol. O objetivo era um só: levar ao público as primeiras notícias do dia.

Por Karine Pereira
Colaboradora MultiCiência

Texto publicado no jornal Gazzeta do São Francisco, na edição do dia 21 de setembro de 2008., Edição Especial Aniversário de Petrolina-Pe.

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