INTELIGÊNCIA COLETIVA
Fábia Carini da Silva Barros
Iolanda de Souza Cândido
“Coletivo não é necessariamente sinônimo de maciço e uniforme"
Pierre Lévy
RESUMO: Partindo da idéia de que o computador mudou nossa maneira de ler e escrever, enfim construir conhecimento este artigo traz algumas reflexões sobre a Inteligência Coletiva (IC) abordado por Pierre Levy, como um novo espaço para a comunicação e a disseminação do conhecimento. Apresenta, ainda, o conceito e evolução da IC, a teoria da Economia da Informação, traçada a partir da semiologia de Pierce, além de apresentar exemplos reais da IC.
PALAVRAS-CHAVES: conhecimento, tecnologias, disseminação,democracia, Pierre Levy.
Diante do grande avanço tecnológico e o surgimento de um novo espaço de comunicação e conhecimento - o ciberespaço; é que surge um novo conceito, um novo tema a ser estudado: Inteligência Coletiva. Mas o que vêm a ser esse conceito ? Buscando os estudos de Pierre Lévy que trata de vários temas correlacionados com a tecnologia e a forma de construir conhecimentos, é que vamos encontrar uma explicação para o tema.
Segundo Lévy “é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta uma mobilização efetiva das competências. A inteligência coletiva é uma forma de o homem pensar e compartir seus conhecimentos com outras pessoas, utilizando recursos mecânicos como, por exemplo, a internet”. Tendo por objetivo o reconhecimento e o enriquecimento mútuos das pessoas. Porque neste espaço virtual, aqueles que o utilizam é que criam os conteúdos através da interatividade. Isto só pode acontecer porque há uma possibilidade maior de interação e inclusão de vários indivíduos e porque não dizer - da sociedade em si. Pois, quando variados sujeitos, com pensamentos diferentes (competição) se conectam auxiliados pela a facilidade de comunicação e trocam conhecimentos (cooperação), poderá chegar à construção de um pensamento coletivo e idéias coletivas. Essas poderão transformar a sociedade em todos os seus aspectos. Porque com a expansão do ciberespaço, as distâncias cada vez mais serão diminuídas entre as pessoas, independente de sua classe social e intelectual.
Cada indivíduo, de acordo com Lévy, possui um armazenamento de conhecimento adquirido ao longo de sua história de vida. Ou seja, nenhum sujeito é desprovido de conhecimento, vazio. Cada pessoa possui algum conhecimento diferente do que uma outra já possui. E nenhum indivíduo possui todo o saber, ou é completo de conhecimento. É, portanto, desses diferentes conhecimentos que é construída a Inteligência Coletiva. E o ciberespaço é que pode proporcionar essa conexão de conhecimentos. Porque para Pierre Lévy “deve ocorrer uma coordenação em tempo real, para que os indivíduos conectados na rede coletiva do espaço do saber, acompanhem a acelerada transformação tecnológica e seus conhecimentos implícitos”. A disseminação de conteúdos enciclopédicos sobre plataformas Wiki, é um exemplo da manifestação desse tipo de inteligência, na medida em que permite a edição coletiva de verbetes e sua hipervinculação (links hipertextuais). Os softwares livres, blogs, TV digital, educação à distância, internet também são suportes para essa interconexão em massa, democratizando o processo da partilha de funções cognitivas, como a memória, a percepção e o aprendizado, podendo ser melhor compartilhadas quando aumentadas e transformadas por sistemas técnicos e externos ao organismo humano.
Levy vai mais além, esboça um ciclo de vida das ideias/conhecimento, ou seja, um ecossistema das ideias baseado na semiologia de Pierce (signo/coisa representada/cognição produzida na mente), que explica como é alimentado o capital intelectual ou inteligencia coletiva, através de três capitais: o técnico (ambiente fisico e midias que favorecem a trasmissão de inteligencia), o cultural (o conteúdo gravado na memória - abstrato, através dos suportes concretos) e o social (corresponde ao vínculo entre as pessoas e grau de cooperação/ competição entre elas durante o processo). Exemplificando melhor temos a INTERNET, ela é um capital técnico (instrumento, mecanismo externo), que oferece condições de aprimoramento do capital cultural (apresenta informação/conhecimento publicado “online”, contendo “links”, hipertextos entre si) e também do capital social (permite estabelecer relações uns com os outros, trocar e-mails, participar de fóruns de discussão que, eventualmente, terminam em encontros reais).
Enfim, a atividade intelectual construída de forma coletiva é uma ação muito antiga, a disseminação do conhecimento acompanhou a difusão das idéias através dos discursos, as pinturas rupestres contribuíram para a construção da História do povo que as pintavam, sendo hoje estudada por muitos historiadores e entendida por muitos leigos. A partir da escrita e da imprensa, exteriorizou-se pensamentos/conhecimentos que foi repassado para outras gerações, ao ler Platão ou escritos de cientistas de outro tempo, por exemplo, por mais distante que isso tenha sido escrito, mais evolui o conhecimento e quanto mais os meios de comunicação se aperfeiçoam, mais ganha a inteligência coletiva. Já o conceito e a forma como se dá atualmente é que é inovador, inédito, devido à utilização de novas tecnologias. Ou seja, A inteligência coletiva desenvolveu–se à medida que a linguagem evoluiu. Viver em sociedade e produzir conhecimento para a posteridade são especificidades inerentes ao ser humano, com o advento da internet e de outros aplicativos dessa era, foi possível atrelar interesses humanos num único momento, construir em grupo o conhecimento que poderá ser disseminado na própria geração e para gerações futuras. É uma forma de pensar e agir com mais velocidade e atingir um numero maior de pessoas, é a interconexão entre as pessoas.